A particular singularidade e interesse desta obra residem na sua proposta de orientar toda a tradição do erotismo indo-tibetano, tântrico ou não, para uma experiência da sexualidade como via de profunda realização e iluminação espiritual, segundo a teoria e a prática dos mais elevados sistemas tântricos budistas.
O que, parecendo singular para a consciência religiosa e laica ocidental, que só lenta e penosamente começa a libertar-se dos traumas da separação entre o corpo e espírito, não é estranho num universo onde desde sempre o erotismo e a sexualidade são sagrados. Enquanto no ocidente só algumas tradições esotéricas, com destaque para a Cabala judaica, assumiram na união sexual um sacramento e um modo privilegiado de comunhão com Deus, o taoísmo e o hinduísmo sempre colocaram a sexualidade no centro da relação do homem com o cosmos, o divino e o absoluto.