Numa altura em que a ficção portuguesa se desmultiplica em novos rumos e novas tentativas, não pode deixar de assinalar-se o aparecimento de um livro como O Silêncio. Novela construída com uma grande fluidez narrativa, experimentando a cada passo o prazer de construir e desconstruir a ficção com que se tece, este livro enuncia algumas questões fundamentais do texto moderno: fluidez de linguagem, vocábulo conciso, percurso da memória e da inquietação, recusa das formas estereotipadas de contar, mistura hábil de factos, recordações e presenças obsidiantes. O leitor seguirá enleado o estilo a um tempo sibilino e fascinante da grande promessa literária que é Teolinda Gersão. Livro do que se «pensa» e do que se «fala», anulando ques as fronteiras desses dois espaços narrativos, O Silêncio acrescenta algo de inovador e inquietante à já por si inquieta prosa contemporânea portuguesa.