Os media americanos, que não têm como ponto forte o sentido das proporções puseram-lhe a alcunha de “the genius”. Ray Charles Robinson, cego desde os sete anos de idade, cantor, pianista e autor-compositor de seu estado, não pedia certamente tanto… Um lugar ao sol do êxito ao lado dos seus pares que, com ele no início dos anos 50, contribuiram para elevar o “Rhythm n’ Blues” emergente à categoria de autêntica arte popular ter-lhe-iam provavelmente bastado, mas enfim… o nosso homem possuía algo mais que os outros, um trunfo secreto insuspeitado: o Gospel, do qual ele teve a audácia e o “génio” de transpor nos palcos laicos os acentos, as inflexões, os êxtases e os trnses até então acantonados aos lugares de culto.