Raul Brandão e Vitorino Nemésio são, por circunstâncias de enquadramento de geração, escritores que se situam numa época charneira. Ambos se inserem numa crise fim de século que se recorta e projecta pelo início do novo século. Ora o fim do sé culo XIX está longe de ser o ano de 1900, ou mesmo os anos mais próximos. Toda a crise antinaturalista e espiritualista que marcou a geração de 90 projectou-se pelos anos de 1900, com as suas agónicas perplexidades do espírito e da arte perante um mundo, porém, definitivamente conquistado para a técnica. Brandão- «no limiar de um mundo», disse Vergilio Ferreira ‘, de um mundo a que Nemésio já francamente pertence, em termos etários e de geração.