Para além da sua linguagem absolutamente pessoal, para além de uma temática abordada com incontroversa originalidade, José Gomes Ferreira continua a revelar-se-nos poeta com perfeita cons- ciência de si, mesmo quando se expande na fase mais aguda do conflito, um poeta que nada es- conde de si mesmo, nem escamoteia nenhum dos seus problemas. Daqui, aquilo a que chamámos a sua extraordinária hombredad, um dos aspectos mais positivos de um poeta indiscutivelmente maior, um poeta cuja importância é a que lhe advém do facto de traduzir dramà- ticamente a perplexidade do homem perante uma conjuntura e um circunstancialismo histórico em fase de decomposição e sua vontade de adesão, o seu desejo de ser ele- mento comparticipante num mundo que, apesar de todas as resistências, mesmo as do individualismo ainda enfeudado ao mundo-de-hoje-que-é-de-ontem, há-de, fatalmente, «ser outro»>!