(…) São ondas poéticas que o absorvem neste passado/presente no qual se envolve, já que a História, essa, não se afunda: ’em sagres depositei o coração de um império/ nas muralhas de diu/…/recortei eu a alma ou ‘valeu a pena morrer por ormuz’; mas, também de imediato, sente o presente na desvinculação entre o viver histórico e a sua interpretação: ‘era pequeno o mundo para quanto Magalhães sonhou’; ou seja, neste livro de poemas da Nau da India há uma proposta constante para com o leitor de uma dimensão do mundo para além da cronologia do tempo histórico.
É neste sentir que Nuno Rebocho nos equaciona das nossas travessias indicas e nos sugere o berço, onde nos desperta, definindo-nos como povo que pode sempre partir em novas naus: ‘sigamos nós ciganos do mar inacabado que ao mar voltamos saidos da terra pouca/ pela pouca merce das razões do fado em busca das razões de uma
história louca’. (…)”