Há quem se negue a aceitar que a arte do romance tenha as suas leis próprias. Compreen de-se perfeitamente que o verdadeiro romancista repudie manuais. Mas há que reconhecer-se que se não pode abordar um género literário ao mesmo tempo tão característico e tão elástico como o no velístico sem se fixar um certo número de princí pios dentro dos quais é legítimo dizer-se que um escritor se exprime como romancista. Não vou renovar a discussão dêste problema. Não é um manual que vou escrever. Certo de que em todos os géneros há elementos peculiares gra ças aos quais se pode dizer que os géneros existem, eis-me aqui em busca dos elementos que constituem a matriz criadora do género romance. Esta é a ra zão de ter intitulado êste trabalho: Ensaio sobre a criação no romance.