Encontramos de novo neste livro de Augusto Abelaira a agilidade dos conceitos, a graça fluente dos diálogos, a subtileza que avultavam já nas suas obras anteriores, e se nos deparam logo com o título -quem sabe se triste, se impertinente deste romance que decorre nas vésperas da implantação da República. Assistimos à aventura espiritual de três jovens e de outros, menos jovens – à procura do sentido da vida e da acção, quer através de uma verdade interior egoisticamente conseguida, quer através de uma alienação lúcida -talvez até demasiado lúcida a favor da comunidade. Estas páginas de invulgar sagacidade exploram, com um sorriso amargo, os pequenos mecanismos da História, os motivos, ambições e esperanças de cada um, o papel subterrâneo da vaidade, do egoísmo e das nossas ilusões, bem como o valor pragmático da intervenção do indivíduo na marcha do mundo. A esperança sempre duvidosa” num futuro melhor embater contra as inúmeras fraquezas humanas, e também contra o fracasso íntimo das personagens, expresso sem ênfase, mas com a tibieza e o desencanto característicos de vidas onde falharam todas as intenções) as boas e as outras.
Romance de uma época de crise, esta obra onde por vezes se discute a utilidade da acção, misturada com o acaso para construir a História estrutura-se de um modo muito original e de grande sedução: nela aliam-se o passado, o presente e o futuro, em breves trechos que se respondem uns aos outros, num perpétuo fenómeno de eco que dá às tentativas dos heróis um sentido novo e ines perado de relatividade. Diz uma frase célebre que a som brado futuro se projecta no presente»: é o que parece demonstrar este romance de espelhos, em que se reflecte, de modo perturbante, uma realidade movediça numa perspectiva interior sempre flutuante. Um encanto profundo e estranho depreende-se desta obra perturbadora, terna e cruel, que nega e afirma ao mesmo tempo, mas cujo pessimismo, consequência de um certo presente histórico, não se fecha à esperança de um futuro mais fecundo.
descrição
««Tenho muitas coisas em que pensar, sabes?» Alexandre não ignora: as palavras em si mesmas pouco valem ou nem valem nada. Então porque discutiu com a mulher, levando a sério o que traduzia somente um mau humor momentâneo? Faltou-lhe o bom senso de considerar aquela explosão no seu peso exacto que é nulo. »
Encontramos de novo neste livro de Augusto Abelaira a agilidade dos conceitos, a graça fluente dos diálogos, a subtileza que avultavam já nas suas obras anteriores, e se nos deparam logo com o título -quem sabe se triste, se impertinente deste romance que decorre nas vésperas da implantação da República. Assistimos à aventura espiritual de três jovens e de outros, menos jovens – à procura do sentido da vida e da acção, quer através de uma verdade interior egoisticamente conseguida, quer através de uma alienação lúcida -talvez até demasiado lúcida a favor da comunidade. Estas páginas de invulgar sagacidade exploram, com um sorriso amargo, os pequenos mecanismos da História, os motivos, ambições e esperanças de cada um, o papel subterrâneo da vaidade, do egoísmo e das nossas ilusões, bem como o valor pragmático da intervenção do indivíduo na marcha do mundo. A esperança sempre duvidosa” num futuro melhor embater contra as inúmeras fraquezas humanas, e também contra o fracasso íntimo das personagens, expresso sem ênfase, mas com a tibieza e o desencanto característicos de vidas onde falharam todas as intenções) as boas e as outras.
Romance de uma época de crise, esta obra onde por vezes se discute a utilidade da acção, misturada com o acaso para construir a História estrutura-se de um modo muito original e de grande sedução: nela aliam-se o passado, o presente e o futuro, em breves trechos que se respondem uns aos outros, num perpétuo fenómeno de eco que dá às tentativas dos heróis um sentido novo e ines perado de relatividade. Diz uma frase célebre que a som brado futuro se projecta no presente»: é o que parece demonstrar este romance de espelhos, em que se reflecte, de modo perturbante, uma realidade movediça numa perspectiva interior sempre flutuante. Um encanto profundo e estranho depreende-se desta obra perturbadora, terna e cruel, que nega e afirma ao mesmo tempo, mas cujo pessimismo, consequência de um certo presente histórico, não se fecha à esperança de um futuro mais fecundo.
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««Tenho muitas coisas em que pensar, sabes?» Alexandre não ignora: as palavras em si mesmas pouco valem ou nem valem nada. Então porque discutiu com a mulher, levando a sério o que traduzia somente um mau humor momentâneo? Faltou-lhe o bom senso de considerar aquela explosão no seu peso exacto que é nulo. »
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