Arte Romana de Cinzia Caiazzo. Público Comunicação Social. Porto, 2006, 359 págs. Mole
“Não podemos ser tão elegantes: sejamos mais fortes. Eles ganham-nos no que toca ao refinamento; ganhemos nós em peso. O seu sentido de decoro é mais fiável; sejamos superiores na abundância.”
É assim que Quintiliano defende a cultura romana por oposição à grega, num escrito seu do século d.C.. De facto, a arte romana, que no seu periodo arcaico se desenvolveu a partir da etrusca – com influências sobretudo orientais -, é, a partir de 146 a.C., com a conquista romana da Grécia, gradualmente modelada pela arte grega. A tal ponto que, para os comentadores modernos, como Vasari ou Johann Joachim Winckelmann, não havia realmente uma distinção entre a arte grega e a romana, até porque os artefactos gregos que estes conheciam tinham sido encontrados na Península Itálica, e o domínio otomano do Império Romano Ocidental impedia-os de admirar os originais.
No entanto, a arte romana desenvolveu aspectos originais. Na arquitectura – mais secular, o desenvolvimento do arco e da abóbada, bem como a descoberta do betão, permitiram uma escala e grandiosidade inéditas. Na retratística, a importância da tradição itálica conduz, sobretudo, a um realismo exacerbado: devido ao culto dos antepassados, os imperadores, generais e nobres são representados com todas as verrugas e particularidades, dispensando a harmonia helénica, em favor da imitação exacta do retratado. Na era de Augusto, este realismo é combinado com a idealização grega, como no busto de Prima Porta, inaugurando um estilo de retrato em que os imperadores enfatizam as suas qualidades, a lealdade à dinastia imperial, e legitimam a sua autoridade através da ligação visual com os antepassados. Nas sebasteias, templos do culto do imperador, na estatuária pública ou nas moedas que circulavam por todo o império, Augusto, como fonte da Pax Augusta, dissemina a sua imagem através do retrato, anunciando e identificando a autoridade imperial através de protótipos enviados de Roma para oficinas locais, que os adaptam às suas tradições.
Nesta arte ao serviço do estado, exemplificada também no arco do triunfo – outra invenção romana que glorifica o império e os seus feitos -, Roma utiliza a arte helenística para os seus próprios fins, simbolizando o orgulho da nação romana.
Neste volume traça-se a evolução desta arte “abundante”, e as influências e tensões de que foi objecto, entre o verismo e o classicismo, entre o helenismo e o orientalismo, de Londinium à Galileia, e explica-se o seu papel cívico e religioso, decorativo e privado, público e ritual.
Arte Romana de Cinzia Caiazzo. Público Comunicação Social. Porto, 2006, 359 págs. Mole
“Não podemos ser tão elegantes: sejamos mais fortes. Eles ganham-nos no que toca ao refinamento; ganhemos nós em peso. O seu sentido de decoro é mais fiável; sejamos superiores na abundância.”
É assim que Quintiliano defende a cultura romana por oposição à grega, num escrito seu do século d.C.. De facto, a arte romana, que no seu periodo arcaico se desenvolveu a partir da etrusca – com influências sobretudo orientais -, é, a partir de 146 a.C., com a conquista romana da Grécia, gradualmente modelada pela arte grega. A tal ponto que, para os comentadores modernos, como Vasari ou Johann Joachim Winckelmann, não havia realmente uma distinção entre a arte grega e a romana, até porque os artefactos gregos que estes conheciam tinham sido encontrados na Península Itálica, e o domínio otomano do Império Romano Ocidental impedia-os de admirar os originais.
No entanto, a arte romana desenvolveu aspectos originais. Na arquitectura – mais secular, o desenvolvimento do arco e da abóbada, bem como a descoberta do betão, permitiram uma escala e grandiosidade inéditas. Na retratística, a importância da tradição itálica conduz, sobretudo, a um realismo exacerbado: devido ao culto dos antepassados, os imperadores, generais e nobres são representados com todas as verrugas e particularidades, dispensando a harmonia helénica, em favor da imitação exacta do retratado. Na era de Augusto, este realismo é combinado com a idealização grega, como no busto de Prima Porta, inaugurando um estilo de retrato em que os imperadores enfatizam as suas qualidades, a lealdade à dinastia imperial, e legitimam a sua autoridade através da ligação visual com os antepassados. Nas sebasteias, templos do culto do imperador, na estatuária pública ou nas moedas que circulavam por todo o império, Augusto, como fonte da Pax Augusta, dissemina a sua imagem através do retrato, anunciando e identificando a autoridade imperial através de protótipos enviados de Roma para oficinas locais, que os adaptam às suas tradições.
Nesta arte ao serviço do estado, exemplificada também no arco do triunfo – outra invenção romana que glorifica o império e os seus feitos -, Roma utiliza a arte helenística para os seus próprios fins, simbolizando o orgulho da nação romana.
Neste volume traça-se a evolução desta arte “abundante”, e as influências e tensões de que foi objecto, entre o verismo e o classicismo, entre o helenismo e o orientalismo, de Londinium à Galileia, e explica-se o seu papel cívico e religioso, decorativo e privado, público e ritual.
Peso | 1500 g |
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