Arte Rococó

Arte Rococó

De seu exilio inglés. Elisabeth-Louise Vigée-Le Brun lamentava a perda da “urbanidade, da graciesa leveza, em suma, da afabilidade de maneiras que fazia e charme da sociedade parisiense”. Pese embora tratar-se de uma queixa e não de um grite de vitória, a imagem que a pintora nos dá de século XVIII = “As mulheres reinavam naquele tempo: a Revolução destroneu-as”- enquadra-se perfeitamente na visão revolucionaria do Antigo Regime: a revolução activa, despojada e viril substitui uma raça degenerada, decadente, efeminada. A nova arte será pura, equilibrada e didactica, e a pureza da antiguidade clássica, imaginada como época durea dos direitos dos povos, substituir-se-á ao rococó, arte decorativa. frivola, excessiva, em suma, feminina. A condenação do Antigo Regime como género feminino (e a condenação do feminino) é consumada na imagem de Mme. de Pompadour, a grande mecenas do rococó, odiosa manipuladora de um rei fraco, e sobretudo, na de Maria Antonieta. transformada em monstro tonto, dispendioso e cruel.

Na visão orgánica da sociedade renascida, o rococó é a inevitável continuação do barroco, o seu estertor de morte. Na realidade, o estilo promovido pelo Dauphin contrasta com o barroco, querido ao seu pai. Onde aquele era dramático, este é lúdico, onde era severo, é agora delicado: os grandes contrastes de luz e relevo são substituidos por jogos de luz clara, e curvas sinuosas. Por muito que o neoclássico se the oponha, o rococó convive com ele, quer fisicamente, nos pavilhões dos jardins de Versalhes, quer em espirito, nos humildes temas quotidianos, nas didácticas cenas familiares de Chardin, ou nas cores vibrantes de Watteau, ou Tiepolo, que o próprio David retomará.

Esta arte que a revolução vê como aristocrática e acabada, é, afinal já burguesa – celebra uma nova intimidade emocional, como no retrato de Maria Antonieta e seus filhos pintado por Vigée-Lebrun – a ponto de provocar queixas dos contemporâneos – o novo luxo é enganador, pois pode ser copiado e adquirido. É uma arte cosmopolita- estamos no auge do Grand Tour e da arte produzida para satisfazer as exigências deste-e é, afinal, modernissima, na justa medida do seu hedonismo, e da sua preocupação com o efeito em detrimento da mensagem ou do equilibrio formal. A natureza ganha um relevo que só os românticos retomarão, e a atenção aos efeitos de luz, em particular nas vistas de Canaletto, prefigura as pesquisas dos impressionistas. Neste volume traça-se o complexo caminho do rococó, do seu berço parisiense à sua recepção em Itália, e no resto da Europa, e ao seu confronto e convivio com o neo-classicismo e a revolução.

10,00 

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informação do livro

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Arte Rococó de Cinzia Caiazzo. Público Comunicação Social. Porto, 2006, 430 págs. Mole

De seu exilio inglés. Elisabeth-Louise Vigée-Le Brun lamentava a perda da “urbanidade, da graciesa leveza, em suma, da afabilidade de maneiras que fazia e charme da sociedade parisiense”. Pese embora tratar-se de uma queixa e não de um grite de vitória, a imagem que a pintora nos dá de século XVIII = “As mulheres reinavam naquele tempo: a Revolução destroneu-as”- enquadra-se perfeitamente na visão revolucionaria do Antigo Regime: a revolução activa, despojada e viril substitui uma raça degenerada, decadente, efeminada. A nova arte será pura, equilibrada e didactica, e a pureza da antiguidade clássica, imaginada como época durea dos direitos dos povos, substituir-se-á ao rococó, arte decorativa. frivola, excessiva, em suma, feminina. A condenação do Antigo Regime como género feminino (e a condenação do feminino) é consumada na imagem de Mme. de Pompadour, a grande mecenas do rococó, odiosa manipuladora de um rei fraco, e sobretudo, na de Maria Antonieta. transformada em monstro tonto, dispendioso e cruel.

Na visão orgánica da sociedade renascida, o rococó é a inevitável continuação do barroco, o seu estertor de morte. Na realidade, o estilo promovido pelo Dauphin contrasta com o barroco, querido ao seu pai. Onde aquele era dramático, este é lúdico, onde era severo, é agora delicado: os grandes contrastes de luz e relevo são substituidos por jogos de luz clara, e curvas sinuosas. Por muito que o neoclássico se the oponha, o rococó convive com ele, quer fisicamente, nos pavilhões dos jardins de Versalhes, quer em espirito, nos humildes temas quotidianos, nas didácticas cenas familiares de Chardin, ou nas cores vibrantes de Watteau, ou Tiepolo, que o próprio David retomará.

Esta arte que a revolução vê como aristocrática e acabada, é, afinal já burguesa – celebra uma nova intimidade emocional, como no retrato de Maria Antonieta e seus filhos pintado por Vigée-Lebrun – a ponto de provocar queixas dos contemporâneos – o novo luxo é enganador, pois pode ser copiado e adquirido. É uma arte cosmopolita- estamos no auge do Grand Tour e da arte produzida para satisfazer as exigências deste-e é, afinal, modernissima, na justa medida do seu hedonismo, e da sua preocupação com o efeito em detrimento da mensagem ou do equilibrio formal. A natureza ganha um relevo que só os românticos retomarão, e a atenção aos efeitos de luz, em particular nas vistas de Canaletto, prefigura as pesquisas dos impressionistas. Neste volume traça-se o complexo caminho do rococó, do seu berço parisiense à sua recepção em Itália, e no resto da Europa, e ao seu confronto e convivio com o neo-classicismo e a revolução.

Peso 1751 g

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