Arte Grega

Arte Grega

No kouros do Metropolitan Museum – uma das mais antigas estátuas gregas conhecidas-, a clara influência egipcia, na pose frontal e rigida do jovem e na modelação em bloco, é já contrariada pela novidade do espaço aberto entre os braços e o torso. E a invenção grega prossegue, passando pelo kouros “de Aristodikos”, que abandona a pose hierática para dar um passo adiante, com as proporções construidas tendo por base o próprio corpo humano – a partir de um profundo conhecimento anatómico, para culminar no período clássico no jovem adolescente de Critios, no qual o corpo é já claramente entendido como um sistema de partes cujas acções e peso se relacionam. O desenvolvimento da arte grega, da rigidez orientalizante do período arcaico até à época clássica, é frequentemente exemplificado com estas imagens, como uma caminhada em direcção ao naturalismo.

Não se trata, no entanto, de realismo, tanto quanto de verosimilhança. As proporções áureas da escultura clássica são, na realidade, demasiado perfeitas: os bronzes de Riace, parecem de um realismo espantoso, leves apesar do metal de que são feitos: adivinhamos-lhes as velas pulsantes nos braços. No entanto, os músculos ilíacos são exagerados, aparecendo improvavelmente nas costas, de modo a marcar a divisão horizontal do corpo. Também o centro do peito é dividido por um sulco exagerado, e as pernas são alongadas de modo a igualar a altura do torso. Regularidade geométrica, simetria, equilíbrio, eis o que o escultor almejava. Como nos edifícios do período clássico, em que a ordem arquitectónica das colunas governa as relações entre todos os componentes da estrutura – a ponto de se poder utilizar um fragmento de um capitel para reconstruir todo um edificio o que se procura é a perfeição. Uma perfeição ao alcance dos humanos, atingida pelas virtudes da moderação e do equilibrio e resumida na inscrição de Sólon em Delfos: “Nada em Excesso.”

Mas também esta imagem, que faz eco das imagens de estátuas solenes e brancas que temos da Grécia antiga, é insuficiente. A arte grega – se é que se pode usar o termo para descrever tão grande extensão de tempo e espaço, e abarcar tão grande variedade de estilos- é também feita de cruzamentos e ecos de influências de todo o mediterráneo, de tensões entre harmonia e emoção; é a arte de Atenas democrática, mas também a do Império helenístico; as estátuas que hoje vemos brancas eram muitas vezes coloridas. Este volume mostra a arte grega, muito para além do período clássico; e parte da evolução, no tempo, dos dinâmicos e coloridos frescos minóicos para alcançar a estatuária “barroca” de Pérgamo: e mostra-a no espaço, dos muros das povoações micénicas, à imensidão do império de Alexandre.

10,00 

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informação do livro

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Arte Grega de Cinzia Caiazzo. Público Comunicação Social. Porto, 2006, 382 págs. Mole.

No kouros do Metropolitan Museum – uma das mais antigas estátuas gregas conhecidas-, a clara influência egipcia, na pose frontal e rigida do jovem e na modelação em bloco, é já contrariada pela novidade do espaço aberto entre os braços e o torso. E a invenção grega prossegue, passando pelo kouros “de Aristodikos”, que abandona a pose hierática para dar um passo adiante, com as proporções construidas tendo por base o próprio corpo humano – a partir de um profundo conhecimento anatómico, para culminar no período clássico no jovem adolescente de Critios, no qual o corpo é já claramente entendido como um sistema de partes cujas acções e peso se relacionam. O desenvolvimento da arte grega, da rigidez orientalizante do período arcaico até à época clássica, é frequentemente exemplificado com estas imagens, como uma caminhada em direcção ao naturalismo.

Não se trata, no entanto, de realismo, tanto quanto de verosimilhança. As proporções áureas da escultura clássica são, na realidade, demasiado perfeitas: os bronzes de Riace, parecem de um realismo espantoso, leves apesar do metal de que são feitos: adivinhamos-lhes as velas pulsantes nos braços. No entanto, os músculos ilíacos são exagerados, aparecendo improvavelmente nas costas, de modo a marcar a divisão horizontal do corpo. Também o centro do peito é dividido por um sulco exagerado, e as pernas são alongadas de modo a igualar a altura do torso. Regularidade geométrica, simetria, equilíbrio, eis o que o escultor almejava. Como nos edifícios do período clássico, em que a ordem arquitectónica das colunas governa as relações entre todos os componentes da estrutura – a ponto de se poder utilizar um fragmento de um capitel para reconstruir todo um edificio o que se procura é a perfeição. Uma perfeição ao alcance dos humanos, atingida pelas virtudes da moderação e do equilibrio e resumida na inscrição de Sólon em Delfos: “Nada em Excesso.”

Mas também esta imagem, que faz eco das imagens de estátuas solenes e brancas que temos da Grécia antiga, é insuficiente. A arte grega – se é que se pode usar o termo para descrever tão grande extensão de tempo e espaço, e abarcar tão grande variedade de estilos- é também feita de cruzamentos e ecos de influências de todo o mediterráneo, de tensões entre harmonia e emoção; é a arte de Atenas democrática, mas também a do Império helenístico; as estátuas que hoje vemos brancas eram muitas vezes coloridas. Este volume mostra a arte grega, muito para além do período clássico; e parte da evolução, no tempo, dos dinâmicos e coloridos frescos minóicos para alcançar a estatuária “barroca” de Pérgamo: e mostra-a no espaço, dos muros das povoações micénicas, à imensidão do império de Alexandre.

Peso 1600 g

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