Arte Gótica de Cinzia Caiazzo. Público Comunicação Social. Porto, 2006, 431 págs. Mole.
Na noite de 29 de Novembro de 1284, ouviu-se um estrépito medonho em Beauvais. A catedral mais alta do mundo acabara de ruir. Em São Pedro de Beauvais, a vontade de altura, o desejo de fantasia, a sede de luz e de ar tinham sido excessivos: os espantosos 48 metros da abside duraram apenas sete anos.
Este episódio de uma história que ainda hoje se escreve – a catedral tornaria a ruir, e ainda hoje está incompleta, ameaçando nova queda – é bem o simbolo de um período: as paredes sólidas, as abóbadas baixas redondas, as colunas pesadas e os espaços bem delimitados das catedrais românicas davam lugar a construções arejadas, vertiginosamente verticais, paredes rendilhadas, rasgadas por vitrais refulgentes de cor. As igrejas queriam-se agora espelhos do divino, da sua luz e da sua glória; podiam, e deviam, por isso, almejar os céus.
Na basilica de Saint-Denis, considerada a primeira das igrejas góticas, lê-se por cima da porta dourada: «a obra nobre brilha, mas brilha com nobreza: que sirva para iluminar os espíritos e os conduza por meio de luzes verdadeiras à verdadeira luz, da qual Cristo é a verdadeira porta». Um programa – o Gótico – que irradia de França para toda a Europa: a escalada elegante e airosa de ogivas, pináculos e coruchéus, os ritmos alegres das nervuras, contrafortes e janelas, a decoração rica de todas as superficies, a proliferação de estatuária, ouro, e vitral; por toda a parte se pretende elevar as almas pela contemplação da obra. A renúncia do material em favor do celestial dá lugar à busca do divino através do terreno: na arquitectura sobretudo, mas também na estatuária e nas artes decorativas, o espaço parece romper-se: o espaço em altura das catedrais que nascem em vários países, mas também o espaço de liberdade para o ornamento, a fantasia e a cor.
Este volume traça as múltiplas formas que este espaço tomou, cerceado e suavizado no gótico cisterciense, delirante e excessivo no gótico flamejante, transformado e contido na peninsula Itálica, onde os frescos tomaram o lugar dos vitrais. Nestes mesmos frescos, com Duccio, Cimabue, e, sobretudo, Giotto, há um outro espaço que se abre, o da própria pintura, que sugere agora uma terceira dimensão, conseguida através da cor e do uso de elementos arquitectónicos. Um novo espaço, desta feita construído à medida da natureza e do homem, para celebrar o divino.
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Na noite de 29 de Novembro de 1284, ouviu-se um estrépito medonho em Beauvais. A catedral mais alta do mundo acabara de ruir. Em São Pedro de Beauvais, a vontade de altura, o desejo de fantasia, a sede de luz e de ar tinham sido excessivos: os espantosos 48 metros da abside duraram apenas sete anos.
Este episódio de uma história que ainda hoje se escreve – a catedral tornaria a ruir, e ainda hoje está incompleta, ameaçando nova queda – é bem o simbolo de um período: as paredes sólidas, as abóbadas baixas redondas, as colunas pesadas e os espaços bem delimitados das catedrais românicas davam lugar a construções arejadas, vertiginosamente verticais, paredes rendilhadas, rasgadas por vitrais refulgentes de cor. As igrejas queriam-se agora espelhos do divino, da sua luz e da sua glória; podiam, e deviam, por isso, almejar os céus.
Na basilica de Saint-Denis, considerada a primeira das igrejas góticas, lê-se por cima da porta dourada: «a obra nobre brilha, mas brilha com nobreza: que sirva para iluminar os espíritos e os conduza por meio de luzes verdadeiras à verdadeira luz, da qual Cristo é a verdadeira porta». Um programa – o Gótico – que irradia de França para toda a Europa: a escalada elegante e airosa de ogivas, pináculos e coruchéus, os ritmos alegres das nervuras, contrafortes e janelas, a decoração rica de todas as superficies, a proliferação de estatuária, ouro, e vitral; por toda a parte se pretende elevar as almas pela contemplação da obra. A renúncia do material em favor do celestial dá lugar à busca do divino através do terreno: na arquitectura sobretudo, mas também na estatuária e nas artes decorativas, o espaço parece romper-se: o espaço em altura das catedrais que nascem em vários países, mas também o espaço de liberdade para o ornamento, a fantasia e a cor.
Este volume traça as múltiplas formas que este espaço tomou, cerceado e suavizado no gótico cisterciense, delirante e excessivo no gótico flamejante, transformado e contido na peninsula Itálica, onde os frescos tomaram o lugar dos vitrais. Nestes mesmos frescos, com Duccio, Cimabue, e, sobretudo, Giotto, há um outro espaço que se abre, o da própria pintura, que sugere agora uma terceira dimensão, conseguida através da cor e do uso de elementos arquitectónicos. Um novo espaço, desta feita construído à medida da natureza e do homem, para celebrar o divino.
Arte Gótica de Cinzia Caiazzo. Público Comunicação Social. Porto, 2006, 431 págs. Mole.
Na noite de 29 de Novembro de 1284, ouviu-se um estrépito medonho em Beauvais. A catedral mais alta do mundo acabara de ruir. Em São Pedro de Beauvais, a vontade de altura, o desejo de fantasia, a sede de luz e de ar tinham sido excessivos: os espantosos 48 metros da abside duraram apenas sete anos.
Este episódio de uma história que ainda hoje se escreve – a catedral tornaria a ruir, e ainda hoje está incompleta, ameaçando nova queda – é bem o simbolo de um período: as paredes sólidas, as abóbadas baixas redondas, as colunas pesadas e os espaços bem delimitados das catedrais românicas davam lugar a construções arejadas, vertiginosamente verticais, paredes rendilhadas, rasgadas por vitrais refulgentes de cor. As igrejas queriam-se agora espelhos do divino, da sua luz e da sua glória; podiam, e deviam, por isso, almejar os céus.
Na basilica de Saint-Denis, considerada a primeira das igrejas góticas, lê-se por cima da porta dourada: «a obra nobre brilha, mas brilha com nobreza: que sirva para iluminar os espíritos e os conduza por meio de luzes verdadeiras à verdadeira luz, da qual Cristo é a verdadeira porta». Um programa – o Gótico – que irradia de França para toda a Europa: a escalada elegante e airosa de ogivas, pináculos e coruchéus, os ritmos alegres das nervuras, contrafortes e janelas, a decoração rica de todas as superficies, a proliferação de estatuária, ouro, e vitral; por toda a parte se pretende elevar as almas pela contemplação da obra. A renúncia do material em favor do celestial dá lugar à busca do divino através do terreno: na arquitectura sobretudo, mas também na estatuária e nas artes decorativas, o espaço parece romper-se: o espaço em altura das catedrais que nascem em vários países, mas também o espaço de liberdade para o ornamento, a fantasia e a cor.
Este volume traça as múltiplas formas que este espaço tomou, cerceado e suavizado no gótico cisterciense, delirante e excessivo no gótico flamejante, transformado e contido na peninsula Itálica, onde os frescos tomaram o lugar dos vitrais. Nestes mesmos frescos, com Duccio, Cimabue, e, sobretudo, Giotto, há um outro espaço que se abre, o da própria pintura, que sugere agora uma terceira dimensão, conseguida através da cor e do uso de elementos arquitectónicos. Um novo espaço, desta feita construído à medida da natureza e do homem, para celebrar o divino.
Peso | 1751 g |
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1ª Edição
Literatura Estrangeira
Portugal & Regionalismo
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