Razão Animada – cuja primeira edição data de 1957, ano centenário do nascimento de Bruno – representa porventura o momento mais alto do percurso especulativo de Álvaro Ribeiro e da nova fase da filosofia portuguesa inaugurada pelo autor de A ldeia de Deus. A tese de que «o espírito humano, que no nosso idioma tem o nome de razão, é um espírito animado que vai a pouco e pouco desenhando a sua máscara, não só no rosto mas em todo o corpo», explica que por pensamento se signifique o influxo exercido pelo espírito sobre a alma. Assim se justifica que, em contrapartida, a psicologia, cujo objecto é «o estudo da relação da alma com a palavra», implique uma teoria dos géneros literários conforme ao pressuposto de que a literatura é expressão do sobrenatural. Obra culminante, A Razão Animada lança uma luz que, com os mais escritos de Álvaro Ribeiro e a literatura afim – desde Junqueiro e Bruno, passando por Pascoaes, Leonardo, Pessoa, Régio e Marinho -, assegura a esperança numa nova idade para o homem.