Eis nos, assim, chegados a Pearl Harbor, onde, a 31 de Março anterior, um relatório elaborado por dois oficiais generais – um do exército, o outro da marinha – salientava o perigo que representaria para a base um ataque aéreo efectuado a par de porta-aviões. Mas esta previsão esfumou-se nos espíritos, visto que as concentrações navais japonesas pareciam orientar-se na direcção do Sudeste asiático. E esta tese encontrava uma aparente confirmação no «aviso de guerra de 27 de Novembro, segundo o qual a Tailândia, o istmo de Kra (no ponto mais estreito da península da Malásia), o Norte do Bornéu e as Filipinas surgiam como as zonas mais particularmente ameaçadas. E, certamente, pensava-se que os grandes porta-aviões japoneses os quais haviam deixado de dar sinal de si há várias se deveriam assegurar a protecção estratégica desta campanha anfíbia.

Na esquadra do Pacifico, a manutenção das unidades no mais grau de alerta teria prejudicado o seu treino para o combate; e o contra-almirante Kimmel não transigir neste capitulo visto que a ordem de operações «Rainbow 5», que ele estava incumbido de executar, prescrevia-lhe o ataque às ilhas Marshall e, depois, às Carolinas.

Na aviação do exército, o major-general Short, comandante do distrito militar das Havai, perante o «aviso de guerra», preocupara-se sobretudo em evitar as acções de sabotagem que se previam da parte de agentes infiltrados na numerosa colónia nipónica do arquipélago, o que o levara a reunir os aviões nos respectivos aeródromos, em vez de os dispersar. Por outro lado, as patrulhas de exploração em redor da ilha Oahu foram afectadas pela circunstância de o treino intensivo dos caças e bombardeiros provocar uma certa carência de combustível.

Por último, entre os serviços de informações do contra-almirante Kimmel e do major-general Short, a ligação era irregular e deficiente, pois as transmissões não funciona como seria de esperar. Mas, de preferência a adoptarmos as teses do contra-almirante R. A. Theobald acerca das responsabilidades imputáveis a Washington no desastre de Pearl Harbor, damos a nossa adesão às conclusões de Samuel Eliot Morison, que escreve a este respeito: «Apesar de frequentes vezes prevenidos contra semelhante maneira de pensar, os militares têm grande tendência para estruturar os seus planos de acordo com a previsão que eles fazem sobre a acção do inimigo, em vez de estudar cuidadosamente e considerar todas as possíveis hipóteses. Não se preocupando com o que lhes foi ensinado nas escolas, concentram-se na sua própria ideia acerca das probabilidades, afastando todas as hipóteses que não se coadunem com ela. Foi precisamente o que aconteceu em Pearl Harbor.

A surpresa de 7 de Dezembro de 1941 seria, assim, uma perfeita reedição da surpresa das Ardenas, ocorrida em 10 de Maio de 1940. Mas, embora concordemos com o juízo do historiador americano, não podemos deixar de observar que ele atinge não só Kimmel e Short, como também, em Washington, o almirante Stark e o general Marshall.

in História Polémica da Segunda Guerra Mundial, 1941 de Eddy Bauer, pp. 331-333.

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