Historiador, sociólogo da cultura e director editorial. Tendo iniciado os estudos secundários em Coimbra, estudos que teve de interromper por motivo de doença, completou em 1954 a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade de Lisboa, acumulando a sua actividade escolar com empregos temporários de corretor de seguros, agente comercial ou angariador de publicidade. Tendo tentado, logo após a licenciatura, seguir a carreira de professor liceal, viu essa sua pretensão travada pelo regime salazarista, o que o não impediu de, em colaboração com outros professores em igual situação, criar uma sala de estudos para adultos com o nome de «André de Resende». Criador e fomentador de cultura, como muito bem lhe chama Alexandre Cabral, Augusto da Costa Dias lançou-se, de par com as suas investigações sócio-literárias incidindo especialmente sobre o século XIX, em três aventuras cujos frutos são clamorosamente visíveis através da lista quase total dos prosadores, poetas e ensaístas, hoje consagrados, e aparecidos, jovens colaboradores de suplementos nos finais da década de 50 e, estreantes em livro, no decorrer da década de 60. Lista que contém todos os que passaram, primeiro, pelo DL-Juvenil por si dirigido, de colaboração com a mulher, Maria Helena da Costa Dias, e com Mário Castrim, Tossan e Figueiredo Sobral, depois pelo República-Juvenil, também por si dirigido, e, na década de sessenta, estreando-se ou confirmando-se como tradutores, poetas, prosadores e ensaístas nas várias colecções que criou e dirigiu na Portugália Editora, tais a «Colecção Portugália», de ensaio, e as colecções «Poetas de Hoje», «Novos Romancistas», «Novos Contistas», «Novos Poetas» e «Novos Ensaístas». Homem de partido, desde sempre ligado ao PCP, nunca confundiu naquele seu labor de fomentador de cultura a «qualidade da obra» com as «opiniões políticas» do autor. Daí a heterogeneidade das ideologias dos autores que editou, mas também, quiçá, o «silêncio feroz» (ainda nas palavras de Alexandre Cabral) de que foi – e é – vítima. Com colaboração dispersa pela Seara Nova, a cuja redacção e corpos directivos pertenceu e onde utilizou os pseudónimos de Ângelo Bravo e João da Ega, pelos jornais Diário de Lisboa e República, e pela revista Vértice, além de outras, Augusto da Costa Dias centrou uma boa parte dos seus magistrais e incontornáveis ensaios no estudo de obras que publicou e com eles introduziu, tais como as de Trindade Coelho (1961), Almeida Garrett (1963 e 1968), Basílio Teles (1968 e 1969) e Soeiro Pereira Gomes (1975). No caso concreto de Almeida Garrett, deve registar-se que, quando preparava a edição das Viagens da Minha Terra, segundo o exemplar, emendado pela mão do autor, existente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Costa Dias foi impedido de entrar naquele estabelecimento por iniciativa de um dos seus doutos e considerados catedráticos, sendo o restante do trabalho já em curso realizado com a substituição do autor, nas pesquisas, por sua esposa que, para o efeito, usava o nome de solteira. Para além da obra ensaística publicada em livros apenas seus, Costa Dias colaborou ainda com ensaios importantes na História Universal Ilustrada (Lisboa, 1964-1965) e na História da Literatura Portuguesa, dirigida por Óscar Lopes e inserida na História Ilustrada das Grandes Literaturas (Lisboa, 1964), e escreveu o ensaio «Non Può Essere Ibero un Popolo Che ne Opprime Altro», para introduzir o álbum de águas fortes Portogallo 1973 (Roma, 1973). A publicação sob a orientação do autor da riquíssima obra ensaística dispersa foi interrompida aquando da sua trágica morte, ocorrida após uma prolongada doença que, no dizer de José Gomes Ferreira, «quase o reduziu a um braço ligado a um cérebro».

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